top of page

Mente e Coração - ligação em uníssono?

  • Cristina Belém
  • 10 de jul. de 2015
  • 2 min de leitura

Em Anatomia Emocional, Stanley Keleman faz uma abordagem sobre o extraordinário mistério da multiplicação celular que, desde um elemento único e aparentemente indiferenciado, dá origem à complexidade diferenciada do corpo humano, sede de vivências, pensamentos, sentimentos e emoções. Como é que tudo isto, pensamento, sensações, intuições, manifestações de criatividade, etc., como é que tudo se manifesta partindo do corpo? Onde é que tudo habita? Como é que se faz presente numa ambiência plural?

Na sua descrição inspiradora, Keleman menciona as várias camadas de especialização e diferenciação que se vão tornando possíveis a parir da transformação da original unidade celular.


“(…) Por uma ponta desse processo se desenvolve um interior, e pela outra, um exterior. Um conjunto de interiores e exteriores se transforma em ânus ou boca, em cérebro ou medula espinal.” (Keleman, 1985, pág. 25).


O autor descreve que, através desta divisão, se vão criando tubos de transporte, vasos de ação e contenção, canais de interação, que se comunicam e agem através de mecanismos sistemáticos de contração e expansão, e que laboram a ritmos e amplitudes próprias, em pulsações constantes.


“À camada externa de pele e nervos, o ectoderma, cabe a comunicação. A camada intermediária, formada por músculos e vasos sanguíneos, o mesoderma, fornece suporte e locomoção. A camada interna, de órgãos e vísceras, o endoderma, fornece nutrição e energia básica. (...) O exterior é a fronteira, o self social. O interior é o passado e o presente, secretos, profundos, arcaicos. O meio é o self volitivo, que transita entre o interior e o exterior. (…) A função generalizada das três camadas – ectoderma, mesoderma e endoderma – é associada a três bolsas especializadas: a cabeça, o peito e o abdómen.” (Keleman, 1985, pág. 25).


Em consequência desta especialização que parte do uno e que se diferencia em três camadas, a autoconsciência torna-se possível partindo das estruturas somáticas. Keleman refere este processo como cúmplice na interligação das nossas vivências, emoções e perceções.

“(…) No desenvolvimento embrionário inicial, todos os tecidos e órgãos estão intimamente ligados; o coração e o cérebro são apenas duas superfícies contínuas. A batida do coração é impressa diretamente no cérebro. Não é preciso nenhum nervo. À medida que o desenvolvimento prossegue, permanecem os vestígios do contacto. Isso é informação, saber íntimo. Nós somos unidos pela interligação de todos os nossos tecidos. (…) Camadas profundas e áreas remotas são afetadas por contacto à distância.” (Keleman, 1985, pág. 25)


Como é que poderíamos separar mente e corpo na senda de nos conseguirmos entender e aceitar? Como seria possível observarmos o que sentimos somente com a lupa da análise racional? Somos um todo de consciência suprema que, tantas vezes, nem tocamos, mas que nos desafia constantemente a este sondar da autodescoberta na generosa interação com todos. Somos esse todo magnífico e misterioso, que se torna manifesto através das vivências individuais no intercâmbio da pluralidade, e que nos permite um caminhar para a identidade na multiplicidade.



Referências: Keleman, S., 1985. Anatomia Emocional, 1ª Edição: São Paulo, Summus Editorial, Lda.


Nota: imagem retirada de http://abdet.com.br/site/direitos-embriao/

 
 
 

Comments


Facebook
  • Facebook Basic Square
Em destaque
Posts recentes
Em Arquivo
Pesquisa por tags
bottom of page